sábado, 12 de janeiro de 2008

Um poema de vinicius

aqui fica um dos meus poemas preferidos de vinicius, com um cheirinho a utopia

Ai, Quem Me Dera
Vinicius de Moraes

Ai, quem me dera terminasse a espera
Retornasse o canto simples e sem fim
E ouvindo o canto se chorasse tanto
Que do mundo o pranto se estancasse enfim
Ai, quem me dera ver morrrer a fera
Ver nascer o anjo, ver brotar a flor
Ai, quem me dera uma manhã feliz
Ai, quem me dera uma estação de amor
Ah, se as pessoas se tornassem boas
E cantassem loas e tivessem paz
E pelas ruas se abraçassem nuas
E duas a duas fossem casais
Ai, quem me dera ao som de madrigais
Ver todo mundo para sempre afim
E a liberdade nunca ser demais
E não haver mais solidão ruim
Ai, quem me dera ouvir o nunca-mais
Dizer que a vida vai ser sempre assim
E, finda a espera, ouvir na primavera
Alguém chamar por mim

domingo, 6 de janeiro de 2008

Para a Rita

Talvez por estar adoentada, hoje sentei-me enroscadinha na manta de lã que a minha avózinha me fez e revi alguns rabiscos poéticos já antigos... um que me chamou a atenção, porque foi dos primeiros poemas que eu fiz e foi para animar uma amiga minha que escrevia (e ainda escreve espero eu) muito bem. tinhamos nós quinze aninhos. Foi das poucas coisas que eu consegui mostrar e foi com um objectivo e num contexto muito concreto... Enfim fiquei nostalgica e resolvi publica-lo aqui está: o poema chama-se

Para a Rita

De cigarro na boca e caneta na mão,
Ela tece com doces fios de loucura,
A poesia com que agasalha do silêncio
e do vazio, o seu coração

De cigarro na boca e caneta na mão
As palavras brotam-lhe como o sangue
De uma ferida aberta
Ferindo o papel esteril
Come se a Primavera Chegasse (mas não chega)

De cigarro na boca e caneta na mão
Ela segue com os olhos rudes sombras do passado
E deslia sobre o aguçado fio da navalha
Para achar a própria perdição...

E sozinha chora de mansinho
Como se gritasse todo o silêncio estridente
E os seus olhos são o mar
E as lagrimas a espuma
que se mistura com a areia pálida
E a loucura é o jazz
E a tristeza o odio e a revolta são doce poesia
E o seu sorriso é a primavera a qual ela espera mas nunca alcança
de cigarro na boca e caneta na mão...

aqui fica a homenagem à ovelhinha... medo

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

2008...


Este ano de 2008 quero-me dedicar à escrita...

Escrever a meu ver é( como alias uma vez eu disse a uma pessoa) um prato de comida que se prepara para alguém de quem se gosta...ou como uma noite louca de paixão: há que depositar todo o nosso amor e empenho e ter em conta todos os sentidos: visão, olfacto, sabor, textura ,som e muita intuição. Há que temperar com ternura, piri-piri e misturar lentamente com vida, gargalhadas, beijos gemidos e soluços. Por vezes podemos deixar marinar as palavras para deixa-las pegar gosto, outras vezes temos que servi-las logo porque senão perdem a piada e até o sentido.
Escrever é abrir as janelas da alma e voar...
o universo é a meta!
o transporte é a imaginação!